Wednesday, November 24, 2010

Billings, novembro/2010

Wednesday, November 03, 2010

Ingrid Betancourt, novembro/2010



Giovana Sanchez
Do G1, em São Paulo

Ela tem um olhar profundo e uma voz doce. A aparência de Ingrid Betancourt engana: quem vê seu rosto delicado não diz que é a mesma mulher que ficou seis anos e meio vivendo na selva, presa como refém de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Dois anos depois de sua libertação pelo Exército, a ex-candidata à Presidência e mãe de dois filhos faz uma viagem por vários países para lançar seu livro de memórias: 'Não há silêncio que não termine'

G1 - Que lição você tirou de tudo isso para sua vida pessoal?

"Lembro quando estava presa em uma árvore – e foi um momento muito preciso porque lembro que estava chovendo – e havia pedido ao comandante que me deixasse ficar na barraca com meus companheiros, e ele não me autorizou. Eu tinha pedido que me soltasse para ir ao banheiro e ele me olhou feio e disse: ‘faça aí, na minha frente ‘. Nesse momento eu pensei ‘perdi tudo’, meus filhos, minha vida, minha mãe. Meu pai que estava morto parecia estar mais perto de mim do que todos os demais.

[...] Mas depois pensei ‘não, não tinha perdido tudo’. Havia algo que eu não tinha perdido, e era a decisão que podia tomar de dizer que tipo de pessoa eu quero ser. E eu não quero ser como eles. Não quero ser uma pessoa que mata outro para obter a liberdade, não quero ser alguém que odeia, não quero ser uma pessoa que saia da selva, se um dia sair, com rancor, sede de vingança. Pensei: eu posso definir isso.

E hoje em dia, quando tenho a liberdade de tudo, sigo sentindo que o mais importante é isso. E essa liberdade de definir quem se quer ser é uma liberdade que não se dá nas grandes decisões da vida, mas nos pequenos detalhes, em cada momento. Na maneira como uma pessoa dispõe de seu tempo. Porque acredito que o maior presente que uma pessoa pode dar a outra é seu tempo. Então é no amor que se coloca nas relações com os demais, no trato com os demais. Enfim, não acho que uma pessoa seja capaz de mudar o mundo, mas é possível mudar o próprio mundo, o seu interior, e quando mudamos o nosso interior, estamos mudando o mundo."

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/11/farc-fazem-hoje-mesmo-mal-que-ditadura-fez-com-dilma-diz-ingrid.html

Labels: ,